O Dia da Saudade...

by - sábado, novembro 02, 2013


Hoje é Dia de Finados, e fazendo uma retrospectiva do que foi este dia durante toda minha vida, ele, em alguns momentos tornar-se até leve.

Quando era menina até antes dos meus sete anos, não me lembro de ir ao cemitério a não ser quando alguém muito próximo ou querido partia e mesmo assim, ainda não me lembro de ir até lá.

Quando estava com meus sete anos quase oito, com a partida inesperada de minha tia Kátia a quem eu amava muito, que era o anjo que Deus havia colocou em minha vida, uma das pessoas que tenho certeza que me amou muito, como ela mesmo falava: "Eu era sua bonequinha de louça", por ela passei a frequentá-lo anualmente. Para ir visitá-la, pois é, ir visitá-la. Esta era a sensação que tinha, tendo aquele local como a extensão de sua casa, e fazia isto ano pós ano com a companhia de minha mãe e de minha avó, meio que como o apoio das duas, uma vez que quando chegávamos lá, os choros de saudades vividos em casa pelas duas, lá se intensificavam ainda mais, eu chora, confesso, mas meu choro era um choro diferente dos delas, era um choro de saudade de imaginar está ali aquela que eu tanto amava e que tanto, tanto me amou quando viva, sei lá, era um choro meio que dizendo: "Oi tia eu não te esquice, tá".

Daí, algum tempo depois, tive junto com os meus que ir, mais uma vez deixar ali guardadinha na Cidade dos Mortos, como diz meu marido, minha outra tia também tão amada Marisa, ai! Que outra dor sem tamanho... Sabe aquele tipo de pessoa que parecer ter em seus gestos e sorriso o toque de Deus? Pois assim era ela, do seu lado me sentia uma princesa com os mimos e os agrados dignos de uma e conseguido por poucas.  Com mais esta perca comecei a ver a morte com outros olhos e confesso, não tão bons, nem aceitáveis assim. 

Em seguida veio meu avô Amaro, doeu mais era algo esperado, já velhinho lutava contra as doenças causas pela idade, pelos excessos e pela teimosia, só fico feliz por ter podido aproveitar bem dele tendo muitas e muitas histórias nossas para contar, pouquíssimo tempo depois, se vai tio Molho, Amoro Molho, a diabetes o venceu, mais como já tinha começado a aprender como a morte funciona (pois já era grande para isso), passei a dizer que eram coisas da vida.

No entanto, quando tudo parecia bem, quando o momento de se despedir de quem eu amava parecia ter dado uma trégua, e assim pensei que já estive livre de ter que passar por ele outra vez, me acontece a grande dor, o mais forte, e mais sofrido choque de realidade que a morte poderia me dar... 

Perdi minha avó, minha vó Nice, minha Nicinha, minha veinha, meu maravilhoso presente...

Só Deus tem ideia do quanto foi ter a ciência de que não a veria mais, que não teria mais seu sorriso, não ouviria mais sua voz, não sentiria mais seu abraço, não tocaria mais nos teus cabelos. Como foi inexplicável a dor de saber que a partir daquele dia 13 de janeiro, Eu, Emilia, nunca mais seria a mesma e constatar que não fui, que metade do que eu era tinha partido com ela, que metade do que era bom em mim tinha ido embora, eu sabia que precisava me virar com a metade boa que ficou, tentando não torná-la ruim, e com a dura missão de tornar a outra parte não tão boa o quanto melhor eu pudesse, pois precisava pôr em prática tudo que ela me deixou de conselhos, de cuidados, de como vencer sem pisar, de como cuidar de mim sem tornar isto um egoismo e de como cuidar dos outros lembrando que antes de mais nada eu era a pessoas mais importante.

Caramba... Como foi impossível recomeçar sem ela, e ainda é, como dói lembrar que quando estou mal e me sentindo sem ninguém, não tenho ela por perto nem que seja para me dá uma bronca e eu me orientar de qualquer besteira e tolice que esteja fazendo, tendo que me conformar com o que ela deixou gravado em meu coração e em minha mente e com eles sair dos acontecimentos ruins que sempre veem.


Com sua partida, quase fui também, não em corpo mas em alma, passei ou melhor passamos a ir juntas Mainha e Eu a Cidade dos Mortos, mainha em busca de rever quem nunca mais viríamos sofria, chorava, perdia-se cada vez que lá íamos.  Eu com uma revolta inexplicável por tê-la perdido, não aceitava de maneira alguma a ideia de que ela estava ali, naquele lugar triste e sombrio, sem graça totalmente diferente do que ela era, mesmo tendo ciência de que lá, nada mais tinha dela, que era apenas um corpo inerte, mesmo assim o pensamento me traia e pensava: é o corpo de minha avó amada, de minha pedrinha preciosa que está aqui. Ia para acompanhar minha mãe, pois indo sozinha seria ainda pior para ela, mais ia muito magoada porque na sua nova casa minha vó não me daria colo, não insistiria que comesse um bolinho, uma bananinha, um pedacinho de melancia, e que lá também não iria me contar como foi seu dia na feira, ou o quanto estava caro o tomate, nem que tinha discutido com o homem que vendia melão.

Hoje não vou mais ao cemitério, não com tanta frequencia que ia antes ou nos dias marcados, vou hoje quando acordo com necessidade de ir, quando algo me diz que devo ir, ele hoje não me incomoda mais, porém, prefiro não ir, encontrei outras maneiras de visitar os meus entes queridos, que já partiram, mas gosto de ver as pessoas indo, gosto de ver que eles levam seus carinhos aos seus entes queridos da melhor maneira que encontraram, e digo que continuem indo, sempre quando quiserem, como quiserem e levando o que lhes for importante, na minha opinião o que fazendo de coração e com amor é o que de fato importa para nós e para quem amamos.



Xero á todos!

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