Fidelidade: Uma missão quase impossível

by Emilia Eunice - quinta-feira, julho 11, 2013

Sempre achei muito importante a questão de sermos e de estarmos inteiro em qualquer relacionamento ou compromisso em que nos envolvemos, pensando assim, eu não consigo trair, não sou santa(tenho milhões de outros defeitos), mas não consigo trair e digo mais, não que eu não houvesse tentado ou que não quisesse, pelo contrario, tentei. Porém, nunca concluir, ou melhor não consigo chegar nem perto, sempre me embanano toda, me enrolo e desisto da tentativa. Mentir dá muito trabalho, nunca pode ser encoberto por muito tempo e decepciona muito quem é enganado, já passei por isso e sei que magoa, prefiro não ter essa culpa para com o outro. E como diz a amiga Jaque (Jaqueline Nogueira) "traição nunca é motivo, principalmente nos dias de hoje".

Minhas amigas sempre me zoaram por conta disso, falavam que eu era muito besta e mole, e que tinha que aproveitar a vida, mas tirava brincadeira dos zarros que elas tiravam comigo e terminava driblando a situação. Lembro de um dia quando tinha meus treze anos e fomos em grupo para praia, de tanto que me encheram a paciência decidi ficar com um carinha, e não deu certo, no final das contas falei pro meu namorando da época o que tentei fazer, e sinceramente, foi muito engraçada aquela situação, ainda por cima tive que aguentar a zoação das meninas durante meses por conta disso.

Há poucos dias aconteceu dois fatos interessantes. Dando aula a meus alunos do ensino médio me deparei
com um soneto de Vinicius de Moraes, intitulado: Soneto de Fidelidade, no mesmo período ocorreu uma traição com uma pessoa conhecida, que me fez relembrar o tema Fidelidade. Sempre compreendi que para alguns ser fiel é difícil diria até que é uma missão impossível, porém, isso não quer dizer que o outro, aquele candidato ou candidata a ser traído ou traída tenha que aceitar essa impossibilidade dele ou dela de ser fiel, não acham?

Pensando assim, em meus relacionamentos nunca exigir fidelidade, mas sinceridade. Ninguém é obrigado a amar alguém, mas tem sim por obrigação ser correto e ter dignidade com o outro, até por que ainda acredito que quando o sentimento é real, a fidelidade vem naturalmente, aquela fidelidade de atos, de pensamento, de sentimentos, aquela que por gostar tanto e respeitar tanto o parceiro não tem interesse por mais ninguém, nem por um simples flerte se quer.

Sou radical? Talvez. É que me ensinaram que agente não deve dar ao outro o que não quer receber dele. Sou daquelas que acredita que ninguém precisa sentir-se obrigado a estar do lado de quem não ama, ou amar um outro alguém e tentar suprir sua falta usando uma outra pessoa, porém temos por obrigação de ser honestos com nossos sentimentos e com os sentimentos do outro, isso é primordial, em minha opinião, para que se fique em paz com sua consciência e com seus pensamentos.

Esse soneto que relembro a vocês, foi o primeiro soneto que li dentro das obras de literatura, e é o que mais gosto de ouvir sendo declamado, adoro suas verdades e trouxe para compartilhar com vocês já que o reli essa semana. Espero que gostem e se deleitem com ele. Eu adoro.

Xero á todos.

Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hem de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar, ao seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angustia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu posa me dizer do amor(que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

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2 Comentários

Cris Medeiros12 de julho de 2013 às 07:13
Não acredito muito em fidelidade, não nesses moldes que a sociedade impõe. Acredito mais na tal sinceridade entre o casal, o jogo aberto. Não terminaria com um homem porque ele me confessou ter transado com alguém. Mas terminaria se ele se dissesse apaixonado por outra, daí o sentido de estarmos juntos simplesmente foi embora.

Já tive alguns relacionamentos abertos, em que cada um transava com quem queria, nessa só os caras se davam bem, porque quando estou com alguém dificilmente vou procurar outra pessoa. Mas gosto de sentir que essa porta está aberta caso aconteça de me sentir atraída por outra pessoa.

Não sei se hoje em dia teria relacionamentos abertos novamente, mas certamente gostaria de ter relacionamentos sinceros, em que se conta tudo para o outro, inclusive possíveis transas fora da relação. Não vejo isso como um monstro do jeito que as pessoas no geral veem. Acho que sentimos mesmo atração por outras pessoas, não estamos anestesiados sexualmente só porque amamos alguém.

No entanto acho que não teria mais relacionamentos abertos porque acho que as pessoas no geral, homens e mulheres não estão preparados para isso e acabam se envolvendo sentimentalmente com outras pessoas quando essa porta está aberta. Já aconteceu comigo, não de eu me interessar por outra pessoa, mas do cara se interessar.

Beijocas
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